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Do Natal que se escuta e se sente…Um lugar de perdidos e achados.


Neste tempo tão humano quanto sobrenatural que é o do Natal, da cadeira onde nos sentamos para escutar somos levados para lugares intensamente familiares e há volta de uma mesa de Natal…  Somos convidados para o Natal das memórias do futuro porque ali, no espaço analítico, o passado no presente é-nos oferecido para ser um futuro diferente porque há mais um convidado para a ceia de Natal. E esse convidado é o que se perdeu e agora se achou… O analista e o analisando encontram-se nesse lugar de procura tão único como o dos perdidos e achados… Lá há de tudo: perde-se o que nos protege das chuvas tristes ou do sol invasivo; perde-se o que nos permite ver o calor da proximidade ou a frieza da distância infinita; perde-se o caderno das memórias e o das fotografias gastas de tanto olhar; perde-se a dignidade humana que nos cobre a pele e nos identifica… Vamos juntos a esse espaço de perdidos e achados, talvez se encontre um guarda-chuva em forma de colo materno, ou uns óculos de sentir, ou fotografias mais nítidas, ou uma quente camisola de lã para a noite fria da consoada.


E que Natal se escuta e se sente na inexata medida entre a cadeira do analista e o divã do analisando, entre a realidade e o sonho, entre o Natal dentro do analista e o Natal dentro do analisando? Escuta-se o Natal do encontro dos dois no espaço dos perdidos e achados… Mas surpresa das surpresas, solta-se da mais profunda verdade do par analítico o espanto: afinal estamos todos lá, porque todos perdemos algo no nosso passado e todos continuaremos a achar no futuro algo maior e melhor!

Sejamos, pois, todos bem-vindos à ceia de Natal!

 

Imagem: Fotografia do autor. Montagem: Catarina Baptista

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