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ESPAÇO (In)finito: PSICANÁLISE e interseção de lugares

Ao trazer este tema para a organização do próximo Colóquio, a SPP pretende criar uma oportunidade — um espaço de tempo numa «modernidade líquida» (Bauman, 2001) — para poder pensar.

Pensar requer espaço, condição primordial para que a construção de lugares próprios se possa ir alinhavando. Nesta empreitada, estruturar-se-ão os recantos íntimos que guardam memórias, os refúgios onde os segredos se agasalham, os abrigos que acolhem sonhos e amparam desassossegos. Todos esses lugares, aos quais regressamos durante toda a vida em nossos devaneios (Bachelard, 1957), alicerçam-se no espaço (in)finito do encontro com o outro e seus lugares, desde que esse outro aceite, oportunamente, recolher-se sem se ausentar. Assim se vai compondo o cenário onde se imprimem as singularidades que definem e contam a história de cada um. Mas, se por um lado pensar requer espaço, também este requer um pensamento que lhe confira vida e, se necessário, vá preenchendo vazios sufocantes. Reclama alguém que lhe esboce um projecto e dele se ocupe, que o decore e habite, significando-o.

É no (re)conhecimento dos contornos e territorialidades subjectivas a que o espaço interno oferece guarida, que os afectos se inspiram e o pensamento se expande, dando forma à identidade. A criatividade permite-se então ousar revelar-se, aprimorando a expressividade equilibrada dos movimentos que entrega ao espaço, espraiando-se por diferentes lugares, ainda que desconhecidos. Animado assim pela coreografia tecida pela vida psíquica, o sujeito, nestas condições, poderá agora (co)mover-se agilmente e, de modo desafogado, usufruir de tantos outros lugares que com os seus se intersetam.

Com a Psicanálise por anfitriã e sob o seu olhar atento, anuncia-se uma odisseia pelo espaço, que percorrerá uma trajectória cuidadosamente guiada pelo engenho criativo daqueles que nos visitarão, partilhando histórias e saberes oriundos de outras proveniências. As escalas previstas neste itinerário passam pelo corpo e o encontro psicanalítico, pela física e as artes plásticas, pela poesia e a história, pela arquitetura, antropologia e o humano porvir. Temas que convocam e nutrem, de modo indelével, as mais profundas inquietações induzidas pela interseção de distintas latitudes e longitudes. A ser verdade que o saber não ocupa lugar, talvez esta viagem se revista de infinitudes, sendo apenas limitada pela precisão do tempo que lhe é concedido. Posto isto, está lançado o desafio para dialogar, articulando sentidos e significados.

Após a escuta, e retomando como referência as coordenadas psicanalíticas nas quais a reflexão se sustenta, serão resgatadas vivências e histórias marcantes chegadas de paisagens desenhadas por relevos próprios. Será então que, a partir dos encontros e desencontros entre os diferentes lugares sentidos, se convocarão proximidades, integrando o ESPAÇO e (re)pensando um sentido de lugar.

Acompanhe-nos no caminho de preparação deste nosso e vosso colóquio.

Até breve!

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