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Complexo de Édipo

A nossa grande escritora Agustina Bessa-Luís descrevia com enorme perspicácia psicológica as suas personagens, e não sei se sabem que era uma senhora culta, com vasta leitura que não se limitava à Literatura, tinha a obra de Freud e leu muitos dos seus textos. Saía-se com comentários e afirmações irónicas e paradoxais que ainda hoje se comentam. Uma delas é esta: “O COMPLEXO DE ÉDIPO é uma espécie de Romance Policial, que torna a Psicanálise interessante “

Eu propus este tema para o Blogue da SPP, mas foi-me pedido um breve comentário para estimular o diálogo entre nós. Aí vai.

A Psicanálise é, com efeito, um processo de comunicação intersubjetiva que procura acrescentar o autoconhecimento; procura a Verdade: o psicanalista será o detetive que ajuda nessa viagem de indagação, à procura da Verdade, não é o juiz. Mas que há um “crime” que nos culpabiliza, consciente ou inconscientemente, isso há! Desenrola-se uma narrativa que é, com efeito, uma espécie de Romance Policial. O juiz pesquisa os factos, quer obter a verdade histórica, ouve testemunhas, e aplica o castigo em função da Lei. A psicanálise procura a verdade de cada um, corteja a fantasia com a tomada de consciência (insight ), ajuda a desdramatizar o conflito, porque desde o “Romance familiar” da infância, na conflitualidade da evolução psicossexual, paira sempre ” um crime”, seja ele de parricídio, de fraticídio, de infanticídio, desejos incestuosos, rivalidade, ambivalência, amor e ódio, conforme nos ensinou Freud.

Sofremos uma culpabilidade, consciente ou inconsciente que se exprime em sintomas, em sonhos , e impulsos de repetição, que nos atormentam, o psicanalista é também a Esfinge, na procura da verdade. Não é o juiz, mas na relação vai surgir como um Super-Ego menos rígido e mais flexível, para que o analisando conquiste a sua liberdade interna!

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